quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Todos os sóis e estrelas cabem na nossa aspiração...

Me ensina a polir espelhos, Senhor...



...para que se extingam o eu e o tu...

domingo, 25 de setembro de 2011

Busca ao senhor dos cavalos




Desde que os vislumbrastes, persegues cavalos selvagens. Estão todos ali. Estão todos aí, nos campos da tua mente. Cavalos do pensamento, que correm pelo pasto. O pasto da imaginação. O pasto da tua ação. Em prados que nunca existiram.
Desiste de domá-los. Esquece teus cavalos. Não é este o teu fim. A meta não é domá-los.
Busca ao senhor dos cavalos, perante o qual silenciam, diante do qual rodopiam e se desfazem, feito poeira na bruma... como que gotas de espuma a se desfazerem no mar. Erige ali teu altar, teu nicho de adoração. Estrela vespertina fulgindo no coração, além de toda pastagem, além da imaginação.

Você talvez se agarre a teorias. E acenda archotes que esclareçam a dinâmica da curva. Mas caminhos sinuosos serão sempre assim.
A linha que se estica também se contrai, e se estica novamente, depois de contraída. A curva são espasmos de milhões de retas.
A vida, como a curva, não concede metas. Ela própria é, e retas atropela. Vida é espasmo que não se completa.
Você talvez se pense como sentimento. E ascenda assim sozinho, em vôo místico. Mas teu vôo é teu vôo apenas, não mais que. Ninguém (se) ajustará a tua ascese.
Não há detrás da face um rosto que revele o gosto da verdade: viver é verdade disfarçada. A corda, contraída ou esticada, a corda, como reta ou como curva, a corda como corda, mais nada.
Viver é verdade disfarçada.
Afirmas tudo que te foi negado: suspenso no futuro, no passado, vegetas no presente, sem tu mesmo, vazio de sentido, atordoado, dormitas sobre a arca do tesouro, cedendo mais valia aos próprios trapos, enxergam, mas não vêem os teus olhos.
Saber é arrancar escamas da visão. Como pode ser tua verdade o que um olho crê e o outro abomina?
Além de todas as esquinas só há realidade.