domingo, 25 de setembro de 2011


Você talvez se agarre a teorias. E acenda archotes que esclareçam a dinâmica da curva. Mas caminhos sinuosos serão sempre assim.
A linha que se estica também se contrai, e se estica novamente, depois de contraída. A curva são espasmos de milhões de retas.
A vida, como a curva, não concede metas. Ela própria é, e retas atropela. Vida é espasmo que não se completa.
Você talvez se pense como sentimento. E ascenda assim sozinho, em vôo místico. Mas teu vôo é teu vôo apenas, não mais que. Ninguém (se) ajustará a tua ascese.
Não há detrás da face um rosto que revele o gosto da verdade: viver é verdade disfarçada. A corda, contraída ou esticada, a corda, como reta ou como curva, a corda como corda, mais nada.
Viver é verdade disfarçada.
Afirmas tudo que te foi negado: suspenso no futuro, no passado, vegetas no presente, sem tu mesmo, vazio de sentido, atordoado, dormitas sobre a arca do tesouro, cedendo mais valia aos próprios trapos, enxergam, mas não vêem os teus olhos.
Saber é arrancar escamas da visão. Como pode ser tua verdade o que um olho crê e o outro abomina?
Além de todas as esquinas só há realidade.

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