segunda-feira, 8 de junho de 2015

canção inacabada

falo de uma canção inacabada.

que ecoa desde antes dos nascimentos
soa agora
e há de ressoar além da morte.

soprada da torre mais alta
fincada no firmamento
depois de todas as sombras
onde
um ser solitário
dedilha seu instrumento.

falo da voz que nos cala
sem que sequer a ouçamos.
falo da voz que nos fala
no mais profundo silêncio
sua ária

de solfejos, dissonâncias
e desenhos de escala
em notações de beleza
sobretons e harmônicos.

falo da flor que se fecha e abre
conforme a nota e o acorde
diante das flechas do tempo
e as dribla, com novo arpejo.

falo da voz do desejo
falo do amor comovido
que, transcendendo os sentidos,
pela música transporta
as frequências do espírito

nessa canção.

Júlio Polidoro

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