terça-feira, 5 de julho de 2011

Ecoa em mim o som da flauta de bambu...
E a lágrima que escorre pela face desce pela nuvem,
E os braços fortes do vento são os que embalam a criança,
E o verme que consome a morte é o que alimenta a vida.
Aqui um velho falece ali nasce um pequenino,
Os ombros que se curvam são aqueles que se abrem,
O sol que queima o rosto também beija a lua.

Então eu compreendo a vida quando ecoa a flauta...
Porque, dentro de mim, não há mais nada.

A flauta quando toca me separa
De tudo que não sou e aí sou tudo
E tudo a mim se mostra de maneira clara.

Assim a flauta ecoa sem passado,
A flauta ecoa assim sem ter futuro,
Além do que é agora não há nada.

Se a flauta ecoa em mim me desconheço,
Aquele que a ouve sou e é mais que eu,
Aquele que a ouve é a própria flauta,
Aquele que a ouve é a melodia,
Aquele que a ouve é sua alma.

A flauta quando ecoa é sua alma
Na alma que há em mim e em tudo à volta.
O mundo é sua alma e sua flauta.

Assim percebo a vida que não vejo
Com olhos que não tenho
E ouço a melodia sem ouvidos
Porque, dentro de mim não há mais nada.

A mesma coisa encerram ocaso e alvorada,
A música que há em mim é a mesma que te embala.
Da flauta de bambu ecoa a lágrima
Que desce pela nuvem e pela face
E quando se encontram outro sol nasce
E tudo se aquieta, nada se separa.

Eu ouço o som da flauta e agora entendo
além do que eu pense, ou compreenda,
E além do que eu sinta, ou me emocione,
O som da flauta une a quem separa
E muitas tantas são as árias,
Sim as árias
Que ecoam numa só
Eternamente,
A flauta que ecoa em nossas almas.

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