quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Empíreo


EMPÍREO

A turva emoção te procurava
em límpidas paragens.
Quis pronunciar teu nome
ante o olhar mais belo.

Quis seguir-te, trôpego, por meus descaminhos,
e dizer-me teu, não sendo,
e dizer-te meu, quando (Eu) não era.

Pois o que queria ainda quero
e o que quero agora, se ainda quiser,
será noutro tempo o querer de agora,
mas... E tu? E tu? E tu, que viajas fora
e que estando dentro fácil não se alcança
e que alcançado longe é, embora
aquele que alcança creia, no momento,
ter-te sem te ter, ainda não te sendo,
pois se um dia for, não terá sido.

Melhor, sei que nada sou, no fundo,
e que sendo nada maior sou que o mundo,
porque nada sendo, que querer preciso?

Extingo esse eu e na extinção diviso
o que procurava refletido:
no meu coração o paraíso.

Júlio Polidoro

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