segunda-feira, 6 de outubro de 2008

3ª MENSAGEM DE KAVYAKANTA


Cavalgava entre álamos do bosque, numa belíssima manhã. Ao aproximar-me do Lago Verde apeei e, enquanto a montaria se dessedentava, pude contemplar a paisagem...
Árvores gigantescas e frondosas perfilavam pelo caminho, como se pretendessem perfurar o céu. Na planície distante, a última linha entre a terra e o firmamento parecia bailar com o horizonte. A grama e o chão próximos palpitavam de vida. Sons de todos os tons desciam dos galhos elevados e vinham de muitas direções. Estranhas e diminutas criaturinhas rastejavam pelo solo e organizados exércitos de formigas trafegavam incansavelmente. Ao fundo da lagoa uma gruta instigava o instinto aventureiro. Acerquei-me dela, com cuidado, e avancei alguns metros. A luz, refletida pela água, permitiu-me vislumbrar, no teto da gruta, centenas de estalactites. Quadro magistral!
Surgida das profundezas da caverna, uma coruja de cor opala se aproximou, e disse:

- Eu sou teu propósito. Sou aquele que te guia. E afirmo: semeia, por onde fores, esse propósito.
Segue a clareira do sonho porque, em Mim, teus sonhos serão reais.
Eu sou a intenção; tu, o agente. Sou o leito; tu, a correnteza.
Não te importe a sombra quando tens a luz. Olha-Me além dos olhos. Estes olhos perdidos no crepúsculo, contemplando, sequiosos, o espaço fora do espaço.
O amor dança com tua razão... Por isso estás perdido, completamente apaixonado, completamente embriagado desse vinho. Quem o prova uma única vez transforma-se num mendigo. Nenhum poder ou riqueza o trarão de volta. Seu corpo errará pelos bazares, como um jarro sem flores. Sua alma permanecerá aos pés da vinha, ainda que secas estejam todas as uvas. Quem já sentiu essa bólide fulminar seu coração perde a razão e os sentidos! Vagueia feito uma marionete sem comando. Aquele que aproximar o ouvido da sua boca nada ouvirá, além da voz torturada de Majnum, clamando por Laila!
Vem, amante destronado, vem, carrasco condenado a pena eterna, vem, senhor tornado escravo, juntar-te à caravana dos perdidos!

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