terça-feira, 7 de outubro de 2008

Nossa casa

Um dia descemos do estribo e parte o trem. O bonde se confunde com a neblina. O carro vira a curva além do olhar.
À noite aguardamos, na estação, um carro, um bonde, um vagão, mudança de roteiro e de lugar.
O carro segue seu traçado. O trem, o bonde, o vagão. Descemos do estribo e nos aguardam, ou aguardamos nós, na estação.
A casa é uma idéia vaga. A casa é uma idéia parca: concreto, tijolos, corrimão. A casa é para onde se volta a seta do nosso coração.
Tivemos tantas casas, não importa se a elas retornamos, noutro chão. Porque a nossa casa é onde estamos. E mesmo que desçamos do estribo, e mesmo que mudemos de estação, e mesmo que trens partam, sem destino, e mesmo que haja bondes na neblina, e mesmo que o carro vire a curva, e mesmo que se percam do olhar, estribos haverá para subir, e outros cursos, rotas de viagem. E ainda que o vagão, em movimento, ainda que o carro, avançando, ainda que no trem, velocidade, se cumpre a nossa viagem além do carro, do vagão, além do bonde, da estação, além do tempo, do lugar, porque a nossa casa é onde estamos.

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